quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma espécie de adeus

Mas existem dias, horas e minutos em que se torna complicado aceitar isto.
Olho para trás e ainda sinto a nossa cumplicidade no ar.
Conheci-te nos tempos de escola, lutámos, puxámos cabelos uma à outra, mentimos, enganámos, fumámos juntas, vivemos os primeiros namorados, as curtes, as festas na casa do povo, sempre rodeadas por tanta gente.
Recordo Celine Dion enquanto limpavamos o pó da tua casa e as lágrimas nos corriam pela cara. As sessões espíritas que tiveram tanto de engraçado como de medonho.
Recordo o Machado, lllllllloooooolllllll. Só mesmo nós.
A tua operação que tentaste esconder-me, a separação dos teus pais, as roupas de marca que queriamos e não tinhamos.
A nossa grande amiga S. (pelo menos assim a considerávamos), os jogos, as escondidas, as faltas à escola, as minhas quequices, o crava de 10 paus nos intervalos para o snooker e as eternas horas na esplanada.
Passou muita gente por nós, podia mencionar 1000 nomes...
Depois os trabalhos, as borgas, as noitadas que eu não pude acompanhar, a R., o C. e o paneleiro do Z. lloollllll
As perdas de virgindade, as primeiras desilusões, as conquistas, os primeiros prazeres.
Não esquecendo os nossos amigos N. e L. troca o passo, de Cascais.
Nós de cartazes em punho na estação, que barraca!!!!
As brincadeiras na praia, as negas, o dia de praia com a S. (aquele em que sugeri saltarmos de um comboio em andamento , ok, vamos esquecer este lollllllllll), os catanços, os namoros a sério, as asneiras grande e as pequenas, as alegrias e as tristezas.
Os meus pais, os teus, o meu casamento, o teu namoro sério, o meu filho... ainda me lembro de como apenas há 4 anos erámos como dantes. Sempre juntas! As pessoas passavam, os re-encontros surgiam e nós sempre juntas, tudo mudava menos nós, até que um dia...
Um dia... qualquer dia... um dia normal, igual a todos os outros as nossas respostas mudaram. Passámos a saber uma da outra sómente o que é de conhecimento social.
Um dia, qualquer dia, hoje é o dia. Dia de te idolatrar e de enterrar aquela minha amiga para sair deste cemitério e não mais voltar.
Mas não consigo deixar-te ou ir-me de vez sem me despedir.

Foste a minha Amiga, aquela amiga que nunca se substitui, aquela que partilhou de todas as formas possíveis e imaginárias anos de uma vida.
Limpaste-me muitas lágrimas e provocaste-me outras tantas. Fizeste-me rir vezes sem conta e chorar muitas mais do que gostaría.
Se pudesse escolher, este não era o final que dava à nossa estória, mas... às vezes temos que somente aceitar que quem conheciamos no passado, simplesmente já não existe. Tudo muda e muitas vezes para pior.

Imagem retirada do site Shiuuuu

6 comentários:

  1. Olá!
    A perda de alguem que amamos é doloroso....
    Mas quando já nos faz mal, o melhor sem duvida é " fazer o luto", e olhar em volta, pois há sempre alguém que nos pode preencher esse vazio ;=)))

    Beijocas

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  2. mjf: é bem verdade o que escreves. É precisamente nesse ponto em que me encontro. Fazer o luto pela antiga amiga e aprender a lidar com a nova amiga.

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  3. Ficam as boas recordações que são carinhosas e confortam.
    Agora é altura de construir novas memórias com novos amigos...e os AMIGOS são todos especiais.

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  4. Olhos Dourados: Pois é! :(

    Silvia Maria: Obrigado pela visita. Sim, amigos novos também existem mas não substituem determinadas relações que existiram.

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  5. Adorei o post, apesar de triste, transmites bem toda a emoção vivida. Infelizmente a vida dá voltas...
    Beijinhos

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